Estamos em Boston. Primeira surpresa: foi só sair de Vermont e cruzar para o vizinho do sul, Massachusetts, que encontramos uma estação de rádio em português! E não apenas uma. Tem com sotaque de português de Portugal, tem de mensagens evangélicas com sotaque brasileiro, tem de música brasileira, maior fartura. Que alegria escutar rádio em português!

As três primeiras noites passamos em Medford, na casa de Pat Hsieh (pronuncia-se xiê), um amigo do Nate da época da faculdade, e sua família: Kate, a esposa, e Yasmina, uma graça de menina que está prestes a completar um ano. Ficamos amigas rápido. E quando a gente está muito tempo longe de casa, cultivando aquela nostalgia e idealizando a pátria, começa a enxergar referências onde elas nem existem. Foi brincando com a Yasmina que me veio a luz:

Mas, gente, como assim! Nem sabia que a Turma da Mônica tinha chegado aos Estados Unidos. Que alegria, que orgulho, que emoção! Será que os outros potinhos têm o Cascão, a Magali, o Cebolinha, ou será que é tudo da turma do Horácio?

Aí veio o balde de água fria:

 

Puxa vida… não é o Horácio. É só o número 8. Que tristeza.

Além da família Hsieh, conheci mais amigos da faculdade do Nate. Amy, Scott e seus gêmeos-furacão, Anna e Gabe, de três anos, e Dustin, Alice e o pequeno-fofo Dylan (que estava sendo gerado na última vez que os vi) vieram passar o dia. Gente muito acolhedora e especial. Escutando os diálogos ao meu redor, aprendi duas expressões novas em inglês: “wishy washy”, uma coisa não decidida, e “I’m smelling what you are cooking”, que gostei muito, já que é relacionada a comida, tipo “tô entendendo”. Legal, né?

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Morando num lugar relativamente isolado, fico feliz de encontrar amigos antigos. Passaremos três noites na casa do John e da Ju, que se conheceram no nosso casamento e agora moram juntos, o que me dá uma grande satisfação. Falei pra Ju que a gente tem que montar o clube das japas-brasileiras casadas com Vermonters. Será que tem mais, no mundo?

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Boston definitivamente foi a parada pros reencontros. Ontem, depois de, sei lá, uns sete anos, abracei o Vinicius Furuie, meu amigo querido da faculdade. Sete anos, um mestrado no Japão e meio doutorado numa Ivy League americana depois (a Ivy League reúne as oito universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos) – da parte dele, claro -, foi por acaso que calhou da gente estar no mesmo lugar, ao mesmo tempo! Ele estava pesquisando correspondências antropológicas no MIT, e conseguimos nos encontrar pra almoçar e, mais tarde, dar uma passeada pela cidade. Relembramos viagens, JUCAs, festas, pessoas. Foi demais.